FALAR UM POUCO DAS TILÁPIAS

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"FALAR UM POUCO DAS TILÁPIAS"
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Marcos A.Cavalcanti
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FALAR UM POUCO DAS TILÁPIAS

Mensagem por Marcos A.Cavalcanti »

Gente da pesca! Para muitos a tilápia é um peixe fácil de ser capturado e pescá-las é considerado por muitos, como para principiantes.De certa forma até concordo, principalmente, aquelas encontradas nos famosos P&P, porem, pescá-las em ambientes naturais como em lagos, cavos e represas, a coisa muda de figura.
A razão principal é que ela é um peixe "matreiro e arisco" e mesmo nos P&P, não são todos que se dão bem e nos locais já mencionados, geralmente com os aprendizes e inexperientes fica muito mais difícil e não foi por outra razão que levei quase dois anos, para aprender e colocar em prática, os inúmeros macetes e dicas e ainda hoje, com tudo que sei, elas ainda me dão um "baile".
Já que pratico a pesca da mesma em lagos, cavas e represa, o primeiro macete que deve ser observado é o silêncio, desde a chegada e durante a pescaria, pois ela nota qualquer alteração no seu ambiente.Então, na preparação do pesqueiro, deve-se evitar que entulhos ou terras caiam na água, caso contrário, elas somem(as maiores).
Para pescá-las nestes locais, o tilapeiro tem que ter antes de tudo paciência e persistência e por estas razões, geralmente pesco de dois a treis dias e noites consecutivas e é claro, que ficar pescando por tantos dias, tem relação ao custo de cada pescaria, afinal, o salário de aposentado....bem...deixa prá lá.
Pelo tempo que fico pescando, no que tange á preparação do pesqueiro, costumamos após aplainá-lo( sempre é necessário), armamos um guarda-sol e sobre o mesmo uma lona plástica, como proteção ao sol e ás interpéries, formando uma barraca e no interior, deixamos disponíveis todas as tralhas de pesca: varas, suportes, samburá, passaguá,cevas, iscas, refletores, lanternas, etc.
ALGUMAS PROVIDÊNCIAS PARA PESCARIA:
1) Além das acima, a primeira é saber qual o comprimento das varas telescópicas de mão que vamos utilizar e considerando que na Represa Capivari Cachoeira, os pesqueiros são de barrancos íngremes, as mesmas são entre 2,60 a 3,00 metros.
2) Cevas: Já que a freqüência de outros pescadores é grande, sempre procuro saber que tipo e que quantidade de ceva foi jogada por alguem que ocupou o pesqueiro escolhido. Muita ou pouca ceva, fazem a diferença, então, em geral, utilizamos: ração de coelho, de peixe, de cavalo com melaço, farelo de trigo, quirera e milho seco, milho verde, capim e erva doce.Não necessáriamente todas são usadas em cada pescaria, porem todas são levadas.
3) Iscas: Bicho da laranja, minhoca comum, milho verde em grãos, capins e erva-doce.
4) Linhas: Geralmente nas bitolas entre 25 a 35mm de bôa procedência;
5) Anzois: Chinú 2,3 e 4 e marusseigo do mesmo tamanho;
6) Flutuadores: Boias de isopor, penas plásticas ou de madeira;
7)Chumbo: com peso proporcional aos flutuadores.
OUtROS CUIDADOS:
Considerando o acima exposto, já que os exemplares maiores são "ariscos",embora muitos não dêem importância, as cores de roupas e apetrechos tem muita influência, assim as cores vermelha, azul, verde ou azul claro, laranja e branca, não são aconselháveis, embora o peixe não as distingua, com certeza elas são notadas, então, procuro usar cores neutras.
Na pesca noturna, geralmente usamos refletores á gás, o mesmo deve ser aceso um pouco antes de escurecer e a luminosidade regulada, ficar aumentando ou diminuindo a luminosidade durante a pescaria, é sinônimo de fracasso.Alem disso, considerando que sempre precisaremos sair e voltar ao pesqueiro, sempre usamos uma lanterna, porem nunca iluminar a água, nestas ocasiões. Á noite, a cor do flutuador(pena) é preferencialmente branca, ela é melhor visualizada pela luz do refletor. O uso de outras cores requer a adaptação da luz química (starlite).
MODOS OU TÉCNICAS DE PESCA:
São várias, de forma que ocuparia muito espaço descrevê-las neste artigo, assim detenho-me as duas básicas, que são de fundo e de meia água, tanto no período diurno ou noturno, as quais, darei dicas e macetes numa próxima oportunidade.
O que expux já dá para notar que pescar tilápias não é tão simples como parece, voces concordam?
Até a Próxima.
Marcão Tilápia.http://cichlid.umd.edu/cichlidlabs/koch ... ilapia.jpg
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Ramiro
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Re: FALAR UM POUCO DAS TILÁPIAS

Mensagem por Ramiro »

Obrigado pela partilha. :tecla:

O saber nunca ocupa espaço. :fixe:
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TALIBAN
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Re: FALAR UM POUCO DAS TILÁPIAS

Mensagem por TALIBAN »

Boas pescarias.

Antes de mais e como já foi dito o saber não ocupa lugar, sendo bastante importante a partilha.

Vi a imagem e são peixes muito bonitos.

Boa continuação.

Braga.
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Marcos A.Cavalcanti
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Re: FALAR UM POUCO DAS TILÁPIAS

Mensagem por Marcos A.Cavalcanti »

Olá pessoal!
Apesar que sou um tilapeiro inveterado, não desprezo a pesca de outros peixes, especialmente agora que a temporada das tilápias terminou aqui em Curitiba/PR, pois com nosso clima frio, elas simplesmente ficam inativas.Mais como viciado em pescarias, tenho outras opções, como pescar lambarís e carpas e para não abandonar minha turma, a cada duas semanas nos reunimos no Recanto do Sabiá da Represa Capivari Cachoeira, da qual já me referi, onde tb permanecemos por dois dias e noites seguidas.
E por falar em carpas, vou narrar o que aconteceu a anos atrás neste mesmo local:
Por coincidência era final de temporada e resolvi fazer uma última tentativa com as tilápias e junto levei uma vara com molinete, cuja linha preparei para pesca da carpas.
Orientado por um de meus amigos, exímio pescador das mesmas, preparei o material conforme orientação do mesmo, a saber:
1) Colocar um chumbo com mais peso na extremidade da linha e acima, uns 50cm, fazer um anel de uns 10cm, cortá-lo e atar um anzol e outro uns 20cm acima, da mesma forma.
2) Lá na represa, existe uma quantidade enorme de troncos e galhos submersos, de forma que não são todos os pesqueiros que podemos lançar as linhas de molinetes, porem, naquele que eu ocupei, estes entulhos estavam á usn 30 metros de distância, então, lancei á uns 20 metros.
3) A recomendação era usar como isca milho seco, bem como deixar uma certa quantidade na água, no dia que antescedeu a pescaria, de forma que eles permitiram a colocação dos anzóis sem muita dificuldade.
4) O restante do milho que comprei, usei como ceva, mesmo secos, então, lancei com as mãos o mais próximo que pude onde a linha do molinete afundou, depois coloquei a vara num suporte, no barranco acima do pesqueiro e parti para armar as varas de tilápia.
5) Como gosto de pescar a noite e assim foi esta pescaria, já passava da meia noite e nenhuma ação, porem, de repente a lua que estava sobre as núvens apareceu e pude visualizar a linha do molinete se movimentando na frente do pesqueiro.O que fiz:
a) Subi o barranco, tirei a vara do suporte e senti pequenos beliscões;
b) Dei a fisgada, porem, saiu um tanto de linha do molinete, pois havia esquecido de ajustar o freio do mesmo;
c) Achando que havia perdido o peixe, mesmo assim ajustei o freio, recolhi um pouco da linha e os beliscões continuavam;
d) Dei nova fisgada e fui recolhendo a linha e a medida que isto acontecia, a vara começou a envergar;
e) Achei que havia pego algum enrosco, porem a linha cedeu e continuei;
f) Quan do faltavam acho que uns 5 metros, deu para perceber um peixe enorme fisgado, vindo pranchando na flor da água.
g) Por sorte havia outro pescador no meu lado e veio me ajudar, entretanto, meu passaguá tinha a boca pequena e não comportava aquele peixe, o jeito, foi continuar recolhendo a linha até ele chegar bem próximo ao barranco.
h) Assim fazendo, para minha surpresa, meu companheiro se jogou sobre o peixe, caindo com um joelho na metade de seu corpo, uma mão na cabeça e outra no rabo, que sorte!
i) Na seqüência, peguei uma estaca que estava no barranco e introduzi nas guelras do "bicho" fazendo com que saisse pela boca, ele estava preso e imobilizado, porem o problema era como traze-lo fora da água.
g) Deu um trabalhão danado mais conseguimos.
Para terminar:
1) Não sei como um peixe daquele porte, uma CARPA CAPIM, pois tinha aproximadamente 1,20 de comprimento e pesou mais de 20kilos, não brigou ao ser fisgada, assim a única explicação, deve ter sido por ela ter se enroscado em algum entulho e quando se libertou, movimentou a linha conforme narrei.
2) Justamente por isso, até que acontecesse, ela deve ter lutado muito e cansou, porisso veio pranchando.
Bem amigos, o que realmente lamento é que não a devolvi para a água, afinal ela ficou muito ferida e acabaria morrendo mais tarde, então, as únicas lembranças que ficaram foram:
a) Tirei várias fotos da mesma;
b) A assamos na churrasqueira e saboreamos eu, minha família e amigos.
São as surpresas que acontecem nas pescarias.
Até a próxima.
Marcão.
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TALIBAN
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Registado: sexta abr 10, 2009 10:25 am

Re: FALAR UM POUCO DAS TILÁPIAS

Mensagem por TALIBAN »

Boas pescarias.

Mais um relato 5 *****, que me deixou entusiasmado com desfecho.

Todos ficamos a aguardar por mais relatos fantásticos, desse lado do Atlântico.

Boa continuação.

Braga.

P.S. - Não é todos os dias, que se fazem capturas iguais.
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Marcos A.Cavalcanti
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Registado: domingo abr 11, 2010 9:56 pm

Re: FALAR UM POUCO DAS TILÁPIAS

Mensagem por Marcos A.Cavalcanti »

Resposta ao Taliba/Braga:
Meu caro, a pescaria é como a vida, se fossemos registrar nossas estórias pessoais, certamente daria um Bestseler, porem isto é p/aqueles que se destacam, então nossas estórias pessoais, quando muito, só serão lembradas por nossa familia, parentes e alguns poucos amigos, certo?
Bem vou contar mais uma, é de tillápia...prá variar ( ah!ah!ah!):
Quando comecei a pescá-las, estava eu no pesqueiro Recanto do Sabiá, da Represa Capivari, local que quase ninguem pescava, pois havia um barranco relativamente alto e cheio de pedras, que dificultavam escavá-lo, pois daria muito trabalho, então, os tilapeiros em geral, davam preferência as pesqueiros prontos. Mais eu, sempre quiz usar aquele local e não deu outra, num sábado, passei a manhã toda preparando-o. Quem passava por perto, tirava um "sarrinho" e ia em frente. Finalmente terminei a tarefa, depois ainda tinha que subir algumas vezes até o local que havia deixado o carro, uns 20 metros morro acima, para trazer as tralhas de pesca, assim ao terminar, suava por todos os poros e como era hora do almoço, fui fazer a refeição na lanchonete do local. Depois retornei ao pesqueiro, montei minha barraca de pesca, cevei e fui dar um "cochilo" afinal ninguem é de ferro e mesmo porque, durante a tarde, o sol de verão batia de frente, não tinha como pescar, a claridade atrapalhava a visão e o calor era sufocante.
Então, a tardinha, voltei á lanchonete fazer um lanche, bater um papo com os demais pescadores e voltando ao pesqueiro, levando o refletor a gás, dei nova cevada, isquei minhas varas com a isca que chamamos de "bicho da laranja" e aguardei o ataque dos peixes nas mesmas. Não demorou muito e logo, saiu uma tilápia pequena, dalli a pouco outra maiorzinha e assim o tempo foi passando, até que escureceu.
Era normal no período noturno, pegar tilápias maiores, algumas chegavam a kilo, então, depois de ascender o refletor, regular a luminosidade, troquei as iscas e armei as varas. Começaram as açoes de novo, com tilápias um pouco maiores, porem numa das varas, nada acontecia, aliás esta era a mais comprida, tinha uns 4,5 metros. Atento ás varas mais curtas, de repente notei a peninha daquela fazer um movimento. Tirei-a do suporte, dei a fisgada e nada. Examinei a isca, era preciso mudá-las, então tornei a armá-la. A coisa continuava na mesma, mais novamente, naquela vara, nova ação, então repeti o sistema. Ela parecia ter enroscado em outra linha, o anzol veio subindo por ela, até que parou, na ponteira e primeira emenda de outra vara e ambas as linhas dispararam. Creio que somado o comprimento de minha linha com a outra, elas ficaram a uns 8 ou 10 metros de distância e a briga começou. O peixe brigava no fundo e com a força que fazia, estava difícil trazê-lo. Porem aos poucos foi cedendo, então, puchando a vara e conseguindo pegar a minha linha, consegui tambem pegar a outra que estava enroscada. Apesar disto acontecer em alguns minutos, naquele momento parecia a eternidade, até que ví aquela "monstra da tilápia" vindo batendo as nadadeiras laterais e com a "bocona" aberta. Agora o detalhe: Havia esquecido o passaguá (coador) no carro e para pegá-la? Só havia uma solução: puchar a linha de "mansinho" com todo cuidado, de forma quando ela estava encostando no barranco, dei um puxão e ela foi parar debaixo da cadeira que ocupava. Num gesto imediáto, joguei a cadeira de lado e me atirei em cima do troféu, consegui prende-lo e depois enfiando o dedo indicador na sua boca, com o polegar segurei no seu beico, então, a imobilizei e é claro, ela foi para dentro do meu samburá.
Pois é meu caro, esta foi a maior tilápia que já peguei na minha vida, pesou 2.850kg, media 50 de comprimento, por 30 de altura e 20 de largura, claro que tenho a foto como recordação. Na manhã do dia seguinte, antes de ir embora, mostrei o troféu aos outros pescadores, sabe o que aconteceu? Cada vêz que voltava e queria ocupar aquele pesqueiro, ele estava ocupado, claro ele estava pronto e quem se danou para prepará-lo? Eu.
Marcão.
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TALIBAN
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Registado: sexta abr 10, 2009 10:25 am

Re: FALAR UM POUCO DAS TILÁPIAS

Mensagem por TALIBAN »

Boas pescarias.

Continuo a ler e apreciar a escrita.

Como apartes e comentários, eu digo que sabe sempre bem descansar a comida, após a refeição e outra é um provérbio português, que diz "Uns comem os figos e a outros rebenta a boca", isto para dizer que uns trabalho e outros depois aproveitam-se do já efectuado.

Vou continuar atento a novas escritas.

Boa continuação.

Braga.
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Ramiro
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Registado: sexta out 01, 2004 11:00 pm

Re: FALAR UM POUCO DAS TILÁPIAS

Mensagem por Ramiro »

Mais um bom relato do Marcos. =D>

E é bem como diz, as histórias de cada um de nós dariam um belo bestseller. :tecla:

Até breve. :fixe:
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