Sim, a pesca tem qualquer coisa de patético

[trindade.pt]

Texto engraçado e que dá que pensar,.....mas ,.....há sempre um mas.
Sendo eu pescador há muitos anos (33) e tenho 39 de idade , sou obrigado a tecer aqui alguns comentários. Pesquei, pesco e pescarei no futuro para comer,....para mim o final da pescaria acaba no prato, seja a comer uma carpa , uma sopa de peixe do rio ( á alentejana) , um achigã grelhado , um alburno ( ou pardelha , ou perca) frita , etc,etc
Seja a comer uma cavala grelhada , uma salema no forno , uma tainha,.....um sargo, um robalo, um carapau ( o único peixe que não como, é mesmo a boga de mar , ......que a de rio tb marcha).
Agora devemos ter em conta o seguinte , só devemos reter o peixe que vamos consumir ( ou aquele que sabemos que alguém irá consumir ) , pois recuso-me a deitar peixe para o lixo,.....se tenho uma pescaria suficiente para comer , não capturo ( retenho) mais exemplares.

Apesar de admirar o catch and release ( captura e solta), e praticá-lo quando a pescaria é abundante, pesco para comer , e muito prazer me dá comer aquilo que apanhei,...ou oferecer a alguém amigo, peixe fresco ( seja de mar ou de rio).
Não resisto a contar-vos uma história pessoal, tendo eu raízes alentejanas, passava boa parte das minhas férias no Alentejo.
Assim que chegava , o meu falecido avô , dizia-me em tom de desafio,......"netinho , já aí estão os poejos,......"
Pois bem,......se havia poejos , faltava apenas o peixe do rio para uma sopa de peixe alentejana,.......e lá ia eu a pedalar na bicicleta "pasteleira", a caminho da ribeira de seda, buscar os barbos, as carpas , os bordalos (escalos) , as bogas ,...algum achigã fugidio, de modo a "saciar" a fome do meu avô.
E nos dias seguintes ia novamente á pesca , pois havia de deixar "stock" suficiente na arca congeladora, para o meu avô poder, de tempos a tempos ( na minha ausencia) fazer novamente uma sopinha de peixe do rio,......e lembrar-se assim do seu netinho, e satisfazer a sua gula pessoal .
Muitas vezes ofereci peixe a "avós" que tinham netos que não apreciavam a pesca, e sentia-me bem por isso,......afinal o trindade ( filho e neto de pescadores), mantinha a tradição de oferecer peixe na rua, e as tradições são para manter !!!!

O relato vai longo, já revisitei o meu passado ( e muitas saudades tenho desses tempos) , hoje já poucos Avós restam nessa rua,......eu estou mais velho,.....mas continuo a pescar para comer e a dar algum peixe ,.....e acreditem , não me sinto nada diminuído por trazer sempre ( ou quase) peixe para casa. Do mesmo modo que respeito e percebo quem faz do catch and release uma maneira de viver , acho que deveria haver alguma consideração por todos aqueles ( como eu) que entendem que a pescaria acaba no prato.
Não sei se compreenderão estas minhas palavras,...talvez seja o vinho a falar ( rematado com um bom medronho) do jantar, mas por vezes sinto uma censura difícil de compreender,......por consumir certas variedades de peixe,.......não há pescadores superiores e inferiores,......há só e apenas,...... pescadores DIFERENTES !!!!

[JMET]

Caro amigo Trindade

Obrigado por respoder ao meu texto.
De facto não sou praticante a 1O0 por cento do catch and release. E até acho muito bem que as pessoas comam o peixe que pescam.
O texto realmente dá essa ideia, errada, porque para os não pescadores o que lhes faz mais confusão é a parte de devolvermos à àgua o peixe que não consumimos. Daí ter dado ênfase nesse aspecto.
Eu, pessoalmente, como o peixe do mar e devolvo o de rio, porque tanto eu como a minha mulher não temos a sorte de sermos alentejanos e, assim, nunca aprendemos a cozinhar as carpas, os barbos e os peixes de rio em geral.
Em 31 de Março do ano passado publiquei um texto sobre a pesca sem morte (crítico para os fundamentalistas da coisa), intitulado "Para Além da Morte", que actualmente se encontra na página 4 desta secção "Histórias e Escritos". Aí está resumida a minha posição sobre o assunto.
Um abraço para o amigo e para todos os que se deram ao trabalho de comentar o escrito. Boas pescarias a todos.

JMET

[Victorppt]

Boa tarde.

Excelente reflexao sobre a pesca as suas realidade, paradoxos, parelelismos com outras patetices.
Gostei muito de ler.

Boas pescas.

Victor

[trindade.pt]

Caro amigo Trindade

Obrigado por respoder ao meu texto.
De facto não sou praticante a 1O0 por cento do catch and release. E até acho muito bem que as pessoas comam o peixe que pescam.
O texto realmente dá essa ideia, errada, porque para os não pescadores o que lhes faz mais confusão é a parte de devolvermos à àgua o peixe que não consumimos. Daí ter dado ênfase nesse aspecto.
Eu, pessoalmente, como o peixe do mar e devolvo o de rio, porque tanto eu como a minha mulher não temos a sorte de sermos alentejanos e, assim, nunca aprendemos a cozinhar as carpas, os barbos e os peixes de rio em geral.
Em 31 de Março do ano passado publiquei um texto sobre a pesca sem morte (crítico para os fundamentalistas da coisa), intitulado "Para Além da Morte", que actualmente se encontra na página 4 desta secção "Histórias e Escritos". Aí está resumida a minha posição sobre o assunto.
Um abraço para o amigo e para todos os que se deram ao trabalho de comentar o escrito. Boas pescarias a todos.

JMET

Boa tarde caro amigo , de facto existem bem mais pontos de contacto entre as "nossas" visões da pesca do que o contrário.

As minhas reflexões destinavam-se bem mais a alguns pescadores ( que se julgam superiores) do que propriamente ao meu caro, acredite que já vi olhares bem reprovadores de "colegas" pescadores, por meter um barbo de 25 ou 30 cm´s ao saco (manga) , ou uma boga (de rio) de 20 cm´s, ou apanhar uns alburnos (muitos), quase como se fosse crime apanhar e comer peixe de rio.
Respeito muito quem faz o catch and release (captura e solta), agora não entendo a discriminação do "pescador de prato" ,...... ora bolas,.....haverá coisa mais nobre , mais pura, que apanhar peixe e comê-lo ??????
Na sopa de peixe, fritinho, grelhado, de escabeche ,......será crime ????? Não é ,....a lei permite-o e é uma práctica ancestral em terras do interior, é necessário ter a noção que nessas terras o peixe de mar era inexistente,.....e quando aparecia a sua qualidade era duvidosa , daí que essas populações tenham consumido sempre peixe de rio (ribeira).

Agora convém ter noção , que é melhor (pelo menos para mim) um robalinho ou sargo grelhado,....que um alburno frito , ou uma carpa assada no forno,.......também gosto mais de uma perdiz estufada , que dum frango no churrasco, agora é certo que como ambos. E até como bem mais frangos,........que perdizes,.....

Agora devemos ter sempre a noção que apenas devemos apanhar o peixe que vamos consumir , ou que alguém irá consumir,...... matar para estragar não !!! , devemos demonstrar sem fundamentalismos que essa atitude é incorrecta.

Abraço amigo, é muito mais o que nos une , do que o que nos divide,...ambos temos a mesma paixão ( a pesca) e ambos respeitamos o peixe que apanhamos,......o meu acaba muitas vezes com a foto antes de entrar no forno ( ou depois), o seu acaba na foto antes de regressar a água,........ambos somos pescadores, nem melhores , nem piores,......apenas DIFERENTES !!!!
Um voto de bem haja, muita saúde e muitas escamas ( ou as suficientes) , são os votos deste amigo.

trindade.pt - Augusto Trindade

[Victorppt]

Caro amigo Trindade

Obrigado por respoder ao meu texto.
De facto não sou praticante a 1O0 por cento do catch and release. E até acho muito bem que as pessoas comam o peixe que pescam.
O texto realmente dá essa ideia, errada, porque para os não pescadores o que lhes faz mais confusão é a parte de devolvermos à àgua o peixe que não consumimos. Daí ter dado ênfase nesse aspecto.
Eu, pessoalmente, como o peixe do mar e devolvo o de rio, porque tanto eu como a minha mulher não temos a sorte de sermos alentejanos e, assim, nunca aprendemos a cozinhar as carpas, os barbos e os peixes de rio em geral.
Em 31 de Março do ano passado publiquei um texto sobre a pesca sem morte (crítico para os fundamentalistas da coisa), intitulado "Para Além da Morte", que actualmente se encontra na página 4 desta secção "Histórias e Escritos". Aí está resumida a minha posição sobre o assunto.
Um abraço para o amigo e para todos os que se deram ao trabalho de comentar o escrito. Boas pescarias a todos.

JMET

de modo a lhes proporcionar um crescimento ade

Boa tarde caro amigo , de facto quado para a captura
existem bem mais pontos de contacto entre as "nossas" visões da pesca do que o contrário.

As minhas reflexões destinavam-se bem mais a alguns pescadores ( que se julgam superiores) do que propriamente ao meu caro, acredite que já vi olhares bem reprovadores de "colegas" pescadores, por meter um barbo de 25 ou 30 cm´s ao saco (manga) , ou uma boga (de rio) de 20 cm´s, ou apanhar uns alburnos (muitos), quase como se fosse crime apanhar e comer peixe de rio.
Respeito muito quem faz o catch and release (captura e solta), agora não entendo a discriminação do "pescador de prato" ,...... ora bolas,.....haverá coisa mais nobre , mais pura, que apanhar peixe e comê-lo ??????
Na sopa de peixe, fritinho, grelhado, de escabeche ,......será crime ????? Não é ,....a lei permite-o e é uma práctica ancestral em terras do interior, é necessário ter a noção que nessas terras o peixe de mar era inexistente,.....e quando aparecia a sua qualidade era duvidosa , daí que essas populações tenham consumido sempre peixe de rio (ribeira).

Agora convém ter noção , que é melhor (pelo menos para mim) um robalinho ou sargo grelhado,....que um alburno frito , ou uma carpa assada no forno,.......também gosto mais de uma perdiz estufada , que dum frango no churrasco, agora é certo que como ambos. E até como bem mais frangos,........que perdizes,.....

Agora devemos ter sempre a noção que apenas devemos apanhar o peixe que vamos consumir , ou que alguém irá consumir,...... matar para estragar não !!! , devemos demonstrar sem fundamentalismos que essa atitude é incorrecta.

Abraço amigo, é muito mais o que nos une , do que o que nos divide,...ambos temos a mesma paixão ( a pesca) e ambos respeitamos o peixe que apanhamos,......o meu acaba muitas vezes com a foto antes de entrar no forno ( ou depois), o seu acaba na foto antes de regressar a água,........ambos somos pescadores, nem melhores , nem piores,......apenas DIFERENTES !!!!
Um voto de bem haja, muita saúde e muitas escamas ( ou as suficientes) , são os votos deste amigo.

trindade.pt - Augusto Trindade

A meu ver...
Num estado de liberdade de expressao...ha que de certa forma respeitar os ideias de cada um...mas, pode-se e nao concordar.

A pesca que cada um pratica ,a si mesmo se pede uma consciencia sobre os seus actos perante determinadas leis da vida, seja animal ou humana.
Tambem e do conhecimento que a maioria desconhece as leis de pesca ou estao-se a borrifar para tal.

Quanto a pescar o que vier no anzol servir para comer, e, de facto uma realidade, para quem nao se preocupa com medidas e as suas respectivas especies, de modo a lhes proporcionar um devido crescimento para manter a especie e a sua reproduçao.
Seria o mesmo que o pecado da gula, e a que ironicamente apelido de peixofilia... Ai, e que esta a diferença de uns dos outros, melhores ou piores, matar ou nao matar...eis a questao!

Antigamente, era eu jovem...pescava dessa forma. Tudo o que vinha "rede era peixe". Dizia aos amigos e vizinhos...Epá, hoje pesquei 20, 30, 40 peixes. E congratulavam-me. Ate, me conscializar que era um erro. Porque?

Porque reconheci, aprendi, que era uma matança desnecessaria e ajudava para a diminuiçao de especies de grande porte...pois esses e que considero uma pesca de salutar, e que penso eu, a maioria procura esse exito pessoal , independentemente de ter devolvido a agua especies de menor tamanho ser um fracasso.

Uma vez em Aveiro, viam-me tirar sargos, douradas e voltar a devolve-los...via na cara de alguns uma expressao de admiraçao. Nao me afectou nada esses olhares...estava consciente do que estava a fazer nao era errado.
No entanto via-os a fazer o contrario e olhavam-me de novo... Manti-me no meu silencio, pois seria infrutifera qualquer observaçao sobre o que estavam a fazer sem, eventualmente ter algum dissabor.
A mais aberrante e reprovatoria cena que vi, em Aveiro tambem. Foi um acefalo(perdoem)...so pelo facto de nao estar a conseguir pescar nada, decidiu pescar a boia com anzois diminutos e encher um garrafao de 5l de agua com peixitos la dentro, e depois todo sorridente mostrar a malta que vinha no barco de regresso a base...a vontade que a malta teve de o atirar a agua nem imaginam. Enfim!

Teria mais a escrever...mas penso que ja terei feito uma sintese.

Com todo o respeito, sem juizos de valor, e apenas com intuito de esta tertulia, partilha de pensamentos, opinioes etc.. nao serem mal interpretadas.

Boas pescas.

Victor.

[JMET]

Absolutamente de acordo com os amigos Trindade e Victor.
Viva a pesca, as diferentes maneiras de a vivermos, mas sempre tendo em conta o bom senso e excluindo as matanças desnecessárias.

Um abraço a todos e boas pescarias.

JMET