Segurança na Pesca Lúdica de Costa

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Paulo
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Registado: segunda abr 04, 2005 3:28 pm

Segurança na Pesca Lúdica de Costa

Mensagem por Paulo »

Este artigo foi-me enviado para publicação no Sítio pelo Oceanus (Fernando Encarnação)

Obrigado Fernando. :fixe: :fixe: :fixe:


Segurança na Pesca Lúdica de Costa

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INTRODUÇÃO:

Este texto tem o propósito de sensibilizar e consciencializar os amantes da pesca lúdica de costa, que por um ou outro motivo poderão colocar a integridade física em risco.

Garantir a segurança e evitar a perda de vidas humanas, deveria ser o objectivo principal de todos os frequentadores da zona litoral do País. Por mais radicais que seja o espírito, devemos sempre ter em atenção, que por si só as zonas costeiras oferecem ameaças e perigos diversos, quer pelas condições meteorológicas, quer pela morfologia das arribas singulares de norte a sul do País.

Apreciar a natureza e interagir com ela de uma forma segura não é assim tão difícil, se estivermos consciência dos perigos que essas mesmas actividades propiciam.

O objectivo é apelar à mudança de mentalidades e alertar para situações de risco maior. Sensibilizando para não serem esquecidas, pois caso contrário poderão aumentar os riscos de acidentes.

Uma boa analise das condições atmosféricas, do estado do mar, das marés e dos possíveis riscos ou factores de risco é essencial para evitar colocar a integridade física do pescador lúdico em risco, já que, não existe peixe que valha uma vida e que como diz o velho ditado popular “há mais marés do que marinheiros”.

Todos os anos ocorrem acidentes no mar, que infelizmente em alguns casos se traduzem em perdas de vidas humanas. Na maioria dos casos provocados por quedas consequência de descuides, e principalmente, a não observação correcta do mar.

MAR E ONDULAÇÃO:

Nos últimos anos com a crescente adesão à pesca lúdica por motivos vários, nomeadamente, por paixão, divertimento, escape ao “stress” do dia-a-dia, convívio ou contacto com a natureza, o número de acidentes (principalmente nos meses de Inverno), tem aumentado significativamente.

Uma grande percentagem desses acidentes resulta perda de vida humana, sobretudo devido a quedas, aproximação a linhas de água, isto é, locais onde o nível do mar pode chegar com extrema facilidade (os chamados enchidos), motivados por ou ondas de energia, pela formação e força das mesmas, imprevisível, uma vez que as mesmas se formam bem próximo da costa ou em locais com pouca profundidade.

Denomina-se “mar falso”, geralmente no período Outono/Inverno, ou em alturas de grandes marés. Ás quais devido à grande amplitude, a sua força é incrementada.

Nestas alturas, se o mar for observado durante 15 a 20 minutos, temos a capacidade de avaliar o seu grau de estabilidade, observando os “setes” (nome dado à cadencia das ondas formadas por grupos de 7, seguidas de uma curta paragem).

É fácil avaliar pela observação quando estamos presentes ao chamado “mar falso”, basta que no mar com alguma “acalmia” observemos linhas de espuma paralelas à linha de costa ou a “pedras ilhadas”, assim sendo, os “pesqueiros seguros” poderão não ser tão fiáveis como o são em condições de “mar calmo”. Nunca devemos menosprezar o “mar falso”, pois estamos perante condições de mar que mais acidentes pode causar.

ALGUMAS REGRAS BÁSICAS:

- Antes de sair de casa, certifique-se através de previsões, se as condições meteorológicas e o estado do mar são favoráveis;

- No local, observe do estado do mar por alguns minutos;

- Tente fazer jornadas de pesca com amigos e nunca sozinho;

- Informe um familiar do local onde se encontra e vai iniciar a jornada, no caso de se deslocar sozinho, e volte a informar essa mesma pessoa na altura que terminar a jornada;

- Não arrisque descidas em locais que não conhece;

- Não se coloque em locais de correntes ou ondulação forte;

- Nunca virar as costas ao mar, pois a percepção perde-se e nunca sabemos ao certo o que pode estar a aproximar-se, qualquer massa de água em movimento pode facilmente nos fazer perder o equilíbrio (nunca esquecer que qualquer queda provocada pela força do mar é completamente diferente de uma queda na praia em época balnear);

- Ter em atenção as alturas de maré, (preia-mar – subida da maré), não arrisque deslocar-se a locais onde pode ficar cercado;

- Não deixe lixo nos locais que frequenta;

UTILIZAÇÃO DE CORDAS E CAPACETE:

Á primeira vista a utilização de uma corda, pode parecer um incentivo ao perigo, no entanto, quando utilizada de forma responsável pode constituir um apoio de segurança. Não esqueçamos que as mesmas podem servir para aceder a locais mais inacessíveis (escarpas e falésias).

Não esquecendo que a corda pode servir para nos auxiliar na passagem do material para locais de difícil acesso, permitindo deixar-nos as mãos libertas de objectos para melhor escalarmos ou descermos.

A titulo de curiosidade poucos acidentes ocorrem nestes casos, uma vez que, é uma prática não utilizada pela grande maioria de pescadores de costa, uma vez que as características geo-morfologicas dos locais de pesca condicionam bastante essa utilização.

Quando ocorrem alguns acidentes são derivados à queda de pedras só pelo simples facto da corda roçar pela falésia provoca a queda de pequenas pedras, que mesmo pequenas podem causar ferimentos bastante graves (ex: quando atingidas na cabeça). Para salvaguardar e minimizar os possíveis ferimentos, poderemos adquirir um capacete de segurança.

Mesmo com o auxilio de corda, cabo, capacete, o perigo e o risco continuam lá, mas este equipamento salvaguarda e é uma mais-valia em termos de segurança quando correctamente utilizado.

Aquando a fixação de cordas ou cabo, devemos ter um especial cuidado quanto ao local escolhido, pois o mesmo deve suportar pelo menos o peso próprio do utilizador. De que vale recorrermos ao auxílio da corda ou cabo se o local onde ela é fixada não resiste ao nosso peso.

É também um factor de risco, utilizarmos um balde e uma corda ou cabo a poucos metros acima do nível do mar (por exemplo, para retirarmos agua do mar para fazer engodo, lavar as mãos ou simplesmente lavar o peixe capturado), pois a força que a ondulação exerce sobre o balde poderá fazer perder o equilíbrio e consequentemente uma queda ao mar.

ALGUMAS REGRAS BÁSICAS:

- Não arrisque deslocar-se a locais de difícil acesso;

- Certifique-se no caso da utilização de cordas ou cabo, que os mesmos estão em perfeitas condições e com fixação segura;

- Não tente ser “superior” a um amigo, apenas porque ele desce e você tem algum receio;

- Nunca atire pedras do alto das falésias, pois pode estar alguém à pesca ou a mariscar;

VESTUÁRIO:

Quer de Inverno ou Verão deveremos ter sempre peças de vestuário que nos permitam uma liberdade de movimentos.

No Inverno deveremos ter sempre em conta o correcto vestuário para uma jornada de pesca.

A utilização de calças em neopreme (material de que é concebido os fatos de mergulho e caça submarina) de 5 mm, é uma mais-valia em termos de conservação e manutenção da temperatura do corpo. Em dias mais frios ou chuvosos permite andar molhado sem qualquer problema de desconforto, uma vez que possui propriedades estanques e isoladoras, e em caso de queda, os 5 mm de neopreme funcionam como anti choque ou amortecedor, minimizando bastante qualquer tipo de dano superficial, até mesmo de lesões provocadas por bicos de ouriço.

Igualmente em caso de queda ao mar, estamos salvaguardados pela “quase total” protecção física do corpo. O fato de neopreme, oferece um comportamento inigualável em termos de protecção ao frio e mobilidade, para não falar da capacidade extra de flutuabilidade que o mesmo equipamento nos proporciona.

CALÇADO:

É sem duvida uma das partes mais importantes em termos de segurança e protecção, mas por vezes nem lhe damos o devido valor por ser trivial.

Basta reflectir um pouco para nos aperceber da realidade:

No caso de frequentarmos zonas mais acidentadas, os pés sofrem pela irregularidade do piso, por consequência essa irregularidade irá reflectir-se nas costas (nomeadamente na coluna vertebral), originando um mau estar;

Podemos torcer ou partir um pé se não usarmos botas adequadas, a escolha das solas (borracha maleável q.b. com aderência) é essencial para não escorregar;

A utilização das botas de lona com sola de borracha fina e maleável é uma mais-valia, já que para alem de nos proporcionar uma boa aderência em pisos irregulares, boa escalada e descida em pedra e rocha, mas mesmo com estas deveremos ter em especial atenção os locais com limo, algas, barro, lama, zonas de pedras soltas.

Quanto á utilização de botas de borracha (galochas), penso que toda a gente tem a noção do que isso implica em caso de queda ao mar. Em caso de queda ao mar quando as botas de borracha metam um pouco de água (o que não é muito difícil), torna-se impossível as retirar/descalçar, já que o fenómeno vácuo ocorre, com o enchimento total de água, é como se tivéssemos dois tijolos amarrados aos pés a puxarem-nos para o fundo e contra isto ninguém consegue lutar.

A utilização de vadeadores (botas calças de borracha), só deve ocorrer em zonas de areia e sempre com a utilização de um cinto (uma vez que o cinto permite a vedação a nível da cintura de possíveis entradas de água em caso de queda ao mar).

Mesmo assim não podemos descurar, pois podemos cair ou ser puxados para o mar em dias de “mar forte”. Em grandes extensões de areia por vezes o mar tem muita força, e basta a reversa de uma onda (o recuo da mesma) à altura do joelho para derrubar ou causar o desequilíbrio num homem.

VISIBILIDADE:

FOCOS LUMINOSOS (lanternas)

A boa visibilidade, tanto de dia como de noite, é um factor muito importante a ter em conta, pois a falta de visibilidade derivada, quer por nevoeiro, neblina matinal, horas de pouca luminosidade (aurora ou crepúsculo) potência a ocorrência de acidentes.

Uma das formas de colmatar a falta de luminosidade é sem dúvida com a utilização de focos luminosos (lanternas), ou então com pequenos compassos de espera, isto é, se aguardar alguns minutos que seja para termos melhor luminosidade natural, pode fazer toda a diferença na segurança com que efectuamos a decida ou subida da zona do pesqueiro. Com melhor visibilidade, podemos avaliar com melhor exactidão a natureza e a consistência dos percursos, prevenido, por exemplo: escorregadelas e tropeço em zonas de pedras soltas, lamas, limo, etc…

Nota: Devemos ter sempre duas lentes (uma suplente) e de fixação na testa, pois são mais fáceis de utilizar e deixam as mãos livres.

ÓCULOS:

As lentes dos óculos deverão ser preferencialmente polarizadas, pois estas protegem dos raios ultra-violeta e da luz que reflecte na superfície do mar, o que proporciona melhor conforto e percepção visual pois uma grande exposição ao sol (numa jornada de pesca) pode provocar uma enorme fadiga visual (os olhos são fotossensíveis o que pode originar tontura).

COR DAS LENTES:

Verde - Mais perceptível pelo olho humano, como tal é mais indicada para actividades ao ar livre, pois tem uma absorção de 35 a 85% aproximadamente.

Cinza – É a cor que menos distorção provoca nas imagens.

Castanho – Tem a capacidade de neutraliza a luz azul, como tal é a mais indicada para actividades ao ar livre e neblina.

TRANSPORTE DE MATERIAL:

Independentemente da técnica utilizada numa jornada de pesca, é imprescindível a utilização de uma panóplia de utensílios (instrumentos, apetrechos, iscos) que acrescenta ao peso do pescador lúdico uma carga considerável.

Cada vez mais o material é elaborado e estudado para que seja mais leve e resistente, facilitando as descidas e a movimentação nas mesmas.

A escolha do acessório (saco ou mochila), é muito importante, pois a mesma deve recair sobre modelos que transportem material na totalidade e bem acondicionados, de forma a permitir que as mãos fiquem livres. Trazer o material nas mãos nunca é uma boa opção.

Nas subidas e descidas também teremos de ter em conta a distância das ponteiras das canas, uma vez que se as levarmos dentro de um saco ou mochila às costas, as mesmas poderão, conforme a nossa posição, movimentação ou características das falésias nos causar desequilíbrio.

TROVOADAS:

Estes dias de trovoada, a utilização de canas de carbono, grafite, fibras de vidro ou derivados é expressamente desaconselhável, já que as mesmas são excelentes condutores de electricidade o que constitui um grande perigo. Quando ocorrer uma trovoada, deve interromper de imediato a jornada de pesca, fechar a cana, colocar a mesma na posição horizontal e afastar-se da mesma.

Normalmente as trovoadas são passageiras, o que nos permite depois da passagem que continuemos a nossa jornada, mas se as mesmas persistirem o mais indicado é mesmo escolher outro dia.

Pescar, mas em segurança!

Fernando Encarnação
Fabio Batista
Mensagens: 17
Registado: quinta mai 14, 2009 5:51 pm

Re: Segurança na Pesca Lúdica de Costa

Mensagem por Fabio Batista »

O meu muito obrigado. :fixe: .

Mais um exelente artigo. =D> .
Um abraço e boas pescarias. :beer: .
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pedrolourenco79
Utilizador Regular
Mensagens: 5929
Registado: sábado jul 29, 2006 12:16 pm

Re: Segurança na Pesca Lúdica de Costa

Mensagem por pedrolourenco79 »

Parabens Fernando mais uma vez um artigo 6****** :fixe: :fixe: :fixe:
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Ramiro
Utilizador Regular
Mensagens: 6148
Registado: sexta out 01, 2004 11:00 pm

Re: Segurança na Pesca Lúdica de Costa

Mensagem por Ramiro »

Só encontro uma falha em mais este excelente Guia. Faltam os caldos de galinha, já que as cautelas estão todas lá. :wink:
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romeu32
Utilizador Regular
Mensagens: 1811
Registado: segunda mai 19, 2008 3:39 pm

Re: Segurança na Pesca Lúdica de Costa

Mensagem por romeu32 »

Muito bom de ler,pois tem lá quase tudo.
Bom artigo.
Abraço.
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TALIBAN
Utilizador Regular
Mensagens: 11504
Registado: sexta abr 10, 2009 10:25 am

Re: Segurança na Pesca Lúdica de Costa

Mensagem por TALIBAN »

Boas pescarias.
Um excelente trabalho, onde aprendi mais alguma coisa, relembrei outras e ainda noutras situações vou concerteza, ficar com o sexto sentido mais apurado. :fixe:
Boa continuação.
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007kil
Mensagens: 1204
Registado: terça dez 12, 2006 5:05 pm

Re: Segurança na Pesca Lúdica de Costa

Mensagem por 007kil »

Parabéns pelo excelente trabalho
Em teoria quase toda a gente sabe que assim é que devia ser, só que na pratica facilita-se um pouco e por vezes com consequências desagradáveis pelo que nunca é demais relembrar estes conselhos
leo76
Mensagens: 24
Registado: terça out 27, 2009 9:59 pm

Re: Segurança na Pesca Lúdica de Costa

Mensagem por leo76 »

parabens ao autor deste artigo é caso para dizer k junto da licença de pesca, e da tabela das medidas, só lá falta este texto para sermos pescadores com sentido de responsabilidade e bom senso, e já agora tb deixar os pesqueiros limpos..lol... abraço a todos e boas pescarias :fishcool:
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