Pesca ao tento (directa)
Enviado: quinta abr 30, 2009 3:03 pm
INTRODUÇÃO
A pesca do tento é caracterizada em primeiro lugar pela utilização de canas telescópicas sem passadores e sem carreto, prendendo-se apenas o fio de pesca na extremidade da cana.
Basicamente a linha (baixada) que é presa da ponteira e calibrada com pouco peso apenas para permitir que a isca afunde com mais facilidade, embora, dependendo dos casos e das condições do mar se possa colocar ou retirar peso à calibragem.
Normalmente com mares mais fortes ou em aguagens que corram muito, costumo colocar mais peso, já o inverso se dá quando estão reunidas as melhores condições para a pratica desta técnica, isto reflecte-se em mares de 1 a 1.5 m de ondulação. Nestes casos retiro substancialmente peso da montagem de forma a dar a entender aos peixes alvo (sargos) que anda alimento ao sabor da maré e antes que seja atacado por outro exemplar, no frenesim alimentar do engodo, o peixe que o identificar na água em primeiro lugar será o primeiro a ficar ferrado, isto na pratica.
N montagem não devemos exceder o comprimento da cana, e o mais acertado é mesmo termos uma montagem inferior ao comprimento da cana em aproximadamente 30 a 50 cm, de modo a que quando ferrarmos um exemplar razoável, o peso do mesmo vai trabalhar pela acção parabólica da cana, como tal, vamos ter alguma dificuldade em levantar o peixe e para não termos dificuldades devemos ter isto em conta para facilitar a retirada do peixe da água.
Este tipo de pesca pode ser efectuado normalmente com canas de tamanhos entre os seis e os nove metros (máximo), uma cana de sete ou oito metros serão dos tamanhos mais indicados e versáteis e já proporcionam boas sensações.
A pesca do tento é habitualmente apelidada de pesca fina, pelo elevado grau de sensibilidade ao toque do peixe pela acção directa desta variante de pesca, temos a capacidade de conseguir grandes performances na ferragem de peixe e na exacta colocação da isca na água, buracos nas rochas, lavadiços e rebolos, em suma se as mesmas forem ricas em marisco tanto melhor, já que teremos mais probabilidades do peixe estar habituado a ir mariscar com a maré no enchente.
Como é uma técnica de pesca que necessitamos de uma cana com uma boa acção, dada a necessidade de “medir forças” entre o pescador e o peixe, teremos de ter em atenção a qualidade razoável da cana, o que actualmente e com a tecnologia de hoje em dia temos á disposição no mercado de óptimas varas e leves com acção parabólica.
Quanto ao fio utilizado neste tipo de pesca teremos de ter em atenção a qualidade e a medida do fio a utilizar na laçada directa, que anda pelos 0,28 a 0,33 mm, mono filamento ou flourcarbono de boa qualidade com alguma transparência, embora estas medidas pareçam um pouco elevadas efectivamente não o são, uma vez que os pesqueiros escolhidos deverão ter bastante oxigenação de água, pois é ai com o auxilio da engodagem que iremos capturar os pequenos, médios e grandes exemplares.
Consoante o tipo de pesqueiro, espécie de peixe a capturar, cor da água e a experiência do pescador ditarão a escolha do fio, são estas as condicionantes que permitam bons resultados nas jornadas de pesca.
Outro dos factores essenciais neste tipo de pesca é não usarmos roupas muito claras, principalmente em dias de grande luminosidade e sem nuvens, e não nos aproximarmos muito da água, isto é não nos devemos dar a ver ao peixe que supostamente já entrou no pesqueiro e anda a comer o engodo, se esse facto já aconteceu, então o peixe não anda pelo fundo, já iniciou a subida (alvorou) uma vez que o alimento está mais à supreficie, pode servir de comparação a alimentação dos peixes de aquário, se bem que são espécies diferentes, já me sucederam varias situações de ver os sargos a virem buscar pedaços de engodo à superficie.
Pela proximidade da água a que este tipo de pesca obriga devemos ter em conta também o estado do mar e as condições mínimas de segurança, quer na correcta observação das condições de mar, se o mesmo tiver riscas de espuma perto da rocha e/ou metidas ao mar, são indicações que ele está falso, o que normalmente acontece nos meses de Inverno, devemos estar sempre com atenção ao mar.
SIMPLICIDADE
Assim, uma cana de 7 m (as mais utilizadas) terá um fio com cerca de 6,5 m / 6,8 m, em cuja extremidade terá o anzol.
Para lastro usa-se uma oliva (chumbinho furado, ou de aperto) de cerca de 1 a 5 gramas, que dependendo do tipo de pesca, mais fundo ou menos fundo, será escolhido. É de salientar que a pouca gramagem utilizada tem a função de colocar a isca a afundar ligeiramente na água e com a experiência adquirida poderemos controlar a mesma profundidade levantando a cana na posição vertical, interessando bastante o movimento de acompanhamento da montagem na água em conformidade com a movimentação das águas, tipo vai vem.
Como não podia deixar de ser, os resultados deste tipo de pesca melhoram significativamente com a utilização de engodo, sardinha sem duvida que atrevo-me a dizer que é o supra sumo dos engodos poderemos utilizar o engodo à mão, o melhor na minha opinião trás exemplares mais grados, e o engodo moído, que tem um maior poder e chama tudo e peixe mais pequeno.
As espécies mais vulgares como capturas, nesta vertente de pesca são o sargo, dourada, robalo, safia, tainha, irão aparecer outras espécies sem duvida mas nessa altura fica ao critério do pescador abandonar o local ou ficar.
Para finalizar pode-se dizer em suma que todas as iscas poderão ser utilizadas neste tipo de pesca são a sardinha, camarão, mexilhão e caranguejo as que mais utilizo.
As iscas podem ser unicamente filete de sardinha ou camarão, são as que mais utilizo.
CONSIDERAÇÕES
Se o pesqueiro tiver uma grande entrada composta por um lavadiço (lage submersa) cheia de mexilhão e perceves, é o local onde se deve começar a engodar com pequenos pedaços de sardinha, após a investida da ondulação, de forma a que na escoa o engodo trabalha-se livremente e de forma ideal no pesqueiro.
Pescando na subida da maré, engodando de uma forma certa e consistente, nunca deixando um grande espaçamento para que o peixe não acompanhe o ultimo engodo e se afaste.
Deve escolher-se pesqueiros onde a água se movimenta criando uma semelhança à tonalidade leitosa bastante oxigenada, pois será aí que teríamos melhores condições para ferrar os bons exemplares, pois aí sentem-se seguros de si e alimentam-se naturalmente sem que se sintam inseguros.
É de salientar que para a pesca do sargos, convém que saibamos se estão unicamente a alimentar-se de mexilhão e perceves, como tal é necessário procura-los em locais ricos dessa comedia.