Pesca com colheres rotativas e rapalas - Parte II

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Paulo
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Pesca com colheres rotativas e rapalas - Parte II

Mensagem por Paulo »

Então como prometido aqui vai a 2ª parte do artigo escrito pelo Rui (pisões):

No artigo anterior falei da pesca à truta com colheres/rapalas em barragens onde deixei algumas dicas que não devemos menosprezar numa jornada de pesca feita neste tipo de águas. Neste próximo artigo vou tentar deixar algumas informações, que julgo serem úteis, numa jornada de pesca em rios ou ribeiros.

Em primeiro temos que saber para onde vamos pescar. Se é um rio largo ou um ribeiro. Se é de montanha ou de planície e/ou se tem poços profundos ou não. Como está o dia – se chove, está nublado ou está limpo e época em que se vai pescar – abertura, finais de Abril princípio de Maio ou em pleno Verão.

Conforme for a massa de água onde vamos fazer a nossa pescaria esta influencia o material a levar e o tipo de pesca a fazer. Por exemplo: se for pescar para um rio do tipo Rio Minho tenho que levar material mais “pesado” do género da pesca em barragens, mas se for pescar para ribeiros de montanha ou rios mais pequenos o material já deve ser mais “ligeiro”. De uma maneira geral o material para os rios mais pequenos ou ribeiros deve ser mais “ligeiro” que a pesca em barragens ou rios grandes. As canas devem de ter uma acção leve a média, ou seja tenha uma acção entre os 0 e os 8/10 gramas. Como os lançamentos não vão ser em distancia mas sim em colocação o tamanho da cana também é muito importante. Para isso recomendo canas entre 1,30m e o 1,70m (conheço pescadores que têm canas ainda mais pequenas mas são opções pessoais). O tamanho depende muito da estatura de cada pescador. Por exemplo: eu tenho 1,82m e se pescar com uma cana de 1,40m vou ter uma distância maior entre a ponta da cana e a massa de água. Como muitas vezes não temos muita massa de água devemos ter uma cana que nos dê o máximo de proveito para lá conseguir pescar e para a minha estatura uma cana pequena não dá muito jeito. O carreto deve ser leve, robusto, com uma recuperação superior a 5 voltas e calibrado para uma linha 0,14 a 0,18 (conforme o tamanho da colher/rapala). Não nos devemos esquecer de um bom destrocedor que vai fazer com que alinha não se encaracole no carreto e que a colher/rapala trabalhe ainda melhor.

As colheres devem, e dependendo do volume de água que o rio trás, ser o mais discretas possível. Se o rio trás muita água devemos apostar em colheres nº 2 e conforme a quantidade vai diminuído devemos diminuir também o número da colher até ao 0. A época do ano também é importante, pois na abertura os rios transportam muita água devido ao Inverno e nesta fase devemos apostar em colheres mais pesadas pois as trutas estão mais escondidas e a comer no fundo (raramente se vê uma truta a saltar fora de água em Março, pelo menos na zona onde cresci e costumo pescar – Concelho de Montalegre). Em pleno Verão devemos apostar em colheres mais leves pois as trutas já se alimentam mais à superfície, caçando pequenos insectos (e até filhotes de aves que estão nos ninhos) que caem na água. O tamanho dos peixes existentes no local também tem influência na escolha das colheres. Se estes são grandes então devemos apostar em colheres maiores (n.º 2). Se as trutas são, na sua maioria, mais pequenas devemos apostar em colheres mais pequenas também.

Um dos factores que mais influenciam a pesca em rios pequenos ou ribeiros é a forma de como fazemos a aproximação ao pesqueiro e como “batemos” o rio. Como os rios são pequenos, e as trutas são uns dos peixes mais desconfiados que existem, devemos fazer uma aproximação, a mais discreta possível. A roupa deve ser em tons de verde/cinza para sermos confundidos com a vegetação. Devemos fazer o percurso de jusante para montante, ou seja a “subir o rio”, pois, como as trutas se encontram na sua maioria de frente para a corrente à espera que esta lhe traga o alimento desejado, nós devemos fazer a aproximação ao rio por trás e lançar para a frente destas, dando alguma distância para colocarmos a colher a trabalhar de modo que esta, quando passar no local onde a truta se encontra, já esteja a trabalhar correctamente e assim provoque o ataque da truta. Como a colher vem a favor da corrente esta tem que ter um bom trabalhar de modo a que não falhe no momento que se vai dar o ataque. Se a colher não rodar por um instante é o suficiente para a truta desistir. Como a pesca em rios pequenos ou ribeiros os poços são geralmente fundos e curtos, devemos deixar a colher afundar e só depois recolher. Se for na corrente a recolha vai fazer uma curvatura na recuperação da colher. Assim, devemos colocar a colher num local superior àquele onde deve estar posicionada a truta, e a força da corrente nos faça deslocar a mesma para onde queremos e onde se esconde a truta.

As colheres que utilizo também variam de estado do tempo e da fase da época de pesca. Quando está nublado, a chover e/ou o rio vem turvo utilizo colheres escuras (as douradas com pintas pretas resulta quase sempre), quando o rio vem límpido as colheres mais claras (prateadas com pintas vermelhas ou só prateadas e as douradas simples são boas opções). Um dos cuidados que devemos ter quando nos deslocamos para fazer uma pescaria com colheres rotativas é a verificação dos insectos que existem no local e aí emplumar as fateixas com o mesmo tipo de insecto. Assim, devemos ter sempre algumas penas e linhas de diversas cores para fazer esse trabalho. A pintura das colheres com canetas de acetato também dá resultados, pois podemos experimentar diferentes cores possíveis até encontrar a que nesse dia o peixe quer. Pintar a parte interior da colher por vezes também resulta bem, pois quando a truta não ataca logo e segue a colher por trás o que vê é a parte interna da colher e se esta for diferente pode fazer com que a truta ataque. As rapalas utilizadas são mais pequenas que nas barragens pelo que as de 3 e 5 cm com as cores predominantes dos peixes do rio são as mais indicadas.

Ao contrário da maioria de técnicas de pesca, em que o pescador está sentado à espera que o peixe morda o isco, este tipo pesca é feita em andamento à procura do local onde elas se escondem. O material que devemos utilizar deve ser o mais leve possível pois no final de uma jornada de pesca e após percorrermos vários quilómetros atrás “delas” subindo o rio ficamos desgastados e o corpo dá sinal disso. Como já disse atrás, a pesca com colheres rotativas em rios pequenos e ou ribeiros, é uma pesca feita, não com grandes lançamentos mas sim com precisão nesses lançamentos ao ponto de perdermos muitas colheres por tentarmos colocar a colher no local certo. Como os rios são pequenos e muitos deles fechados, com o mato que impede o lançamento da margem, o percurso deve ser feito pelo leito do rio com o mínimo de barulho. As trutas são muito desconfiadas e ao mais pequeno sinal de barulho é o suficiente para que elas deixem de pegar. Assim, devemos utilizar uns vadeadores com bota de feltro para não escorregarmos nas pedras roliças e cobertas de algas e para podermos retirar a colher quando esta se prende em algo no rio (na outra margem ou no fundo). Um xalavar (camaroeiro em raquete), uns óculos de sol, um chapéu, um cesto para colocar as trutas e um colete com as colher/rapalhas, destrocedores, uma bobine de fio, um carreto e uma cana (daquelas que encolhem e cabem no colete) suplente não são de esquecer.

Boas pescarias e não se esqueçam de devolver o peixe sem medida pois preservando hoje é ter garantia de pescarias no futuro.

Uma técnica que utilizo quando num dos lançamentos a colher passa por cima de um ramo é a seguinte: Primeiro é não entrar em pânico e deixar a colher chegar à água, em seguida puxo a linha até a colher estar perto do ramo (5 a 10 cm) de modo a que esta se torne num pêndulo e com o balanço da mesma, quando esta se deslocam em sentido contrário ao que eu me encontro, dou um pequeno esticão e a colher salta por cima do ramo.

Quem costuma pescar com colheres sabe que as trutas as costumam atacar com muita voracidade. Por vezes acontece que o ataque é tão forte que as trutas vêm presas com as três fateixas o que dificulta muito a libertação do peixe sem lhe causar ferimentos graves. Uma das recomendações que faço e que geralmente utilizo nos rios pequenos pois aqui as trutas também são mais pequenas, é que cortem dois dos anzóis da fateixa e pesquem só com um (o de baixo). Deste modo a truta quando atacar fica presa na mesma e a libertação não causa tantos ferimentos e sofrimento. Nos rios mais pequenos muitas das trutas que atacam as medalhas não têm a medida e por isso se tivermos só um anzol mais sucesso teremos em libertá-las. Outra das recomendações que gostaria de deixar é a seguinte: Como a truta é um peixe muito frágil no que diz respeito a suportar a poluição e a repor o número de elementos no seu habitat, quando forem pescar esta espécie façam pesca sem morte pois só assim estamos a garantir o sucesso de futuras pescarias.
Anexos
O local onde vamos pescar
O local onde vamos pescar
As colheres rotativas
As colheres rotativas
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tomachado
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Re: Pesca com colheres rotativas e rapalas - Parte II

Mensagem por tomachado »

Amigo Pisões. Embora nunca tenha praticado este tipo de pesca, atrevo-me a dizer que depois desta lição, estou pronto para pescar trutas. Deste modo só não aprende quem não quer. Obrigado pelo modo como partilha conhecimentos tão preciosos. Um abração: Machado
1897ferreira
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Re: Pesca com colheres rotativas e rapalas - Parte II

Mensagem por 1897ferreira »

[é a primeira vez que estou a utilizar este site, já aprendi muita coisa, como principiante na pesca da truta, este ano vou fazer a abertura na Serra da Estrela(Sra do desterro), espero ter sorte, um abraço a todos
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aranha
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Re: Pesca com colheres rotativas e rapalas - Parte II

Mensagem por aranha »

1897ferreira Escreveu:[é a primeira vez que estou a utilizar este site, já aprendi muita coisa, como principiante na pesca da truta, este ano vou fazer a abertura na Serra da Estrela(Sra do desterro), espero ter sorte, um abraço a todos
bem vindo a este pesqueiro, se quiser fazer a sua apresentação para o ficarmos a conhecer melhor, faça-o aqui: http://www.pescador.com.pt/livre/viewforum.php?f=13 :wink:
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Ramiro
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Re: Pesca com colheres rotativas e rapalas - Parte II

Mensagem por Ramiro »

Magnífico artigo Pisões. =D>

E não esquecer que estas colheres também desinquietam os nossos amigos marítimos Robalos. :wink:
pedrito
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Re: Pesca com colheres rotativas e rapalas - Parte II

Mensagem por pedrito »

parabens Rui,muito bom,por momentos transportei me para as margens do neiva ou do coura com os meus 12 anos,essa do pendulo demorei anos a descobrir,mas que resulta,resulta.Nao sei como nao es um aficçionado do spinning,o espirito é o mesmo e a procura do peixe tambem.

Abraços
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BARROSOPESCA
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Re: Pesca com colheres rotativas e rapalas - Parte II

Mensagem por BARROSOPESCA »

RUI,estás lixado.Quando começares as pescarias a sério ,conta com mais um aluno,aqui o je :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: .PARABENS BELO ARTIGO =D> =D>
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Carpa Real
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Re: Pesca com colheres rotativas e rapalas - Parte II

Mensagem por Carpa Real »

BARROSOPESCA Escreveu:RUI,estás lixado.Quando começares as pescarias a sério ,conta com mais um aluno,aqui o je :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: .PARABENS BELO ARTIGO =D> =D>
AS MINHAS COLHERES COMPRADAS NOS CHINESES VÃO FAZER MISÉRIA.. :twisted: TENHO A COLEÇÃO COMPLETA E JÁ ENCOMENDEI AS RAPALAS DE ANGOLA... :lol:

Carpa Real
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