Próximo Workshop Ermal 16 Maio

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Páscoa
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Re: Próximo Workshop Ermal 16 Maio

Mensagem por Páscoa »

Já com um pouco de atraso, aqui fica a reportagem completa sobre o Workshop, espero que gostem!

Texto: Pedro Martins
Fotos: Carlos Marinho, Gary Currin e Pedro Martins.

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Não é preciso dizer que organizar este workshop de divulgação deu-nos imenso trabalho e dores de cabeça, sobretudo em termos burocráticos. Mas valeu inteiramente a pena!!
Apesar de termos estabelecido diversos contactos (por mp, telemóvel, etc) com eventuais interessados em comparecer no workshop, apesar da divulgação que foi feita em lojas e foruns, a assistência acabou por ser reduzida… Acontece… Talvez a divulgação tenha começado muito tarde ou não tenha sido suficiente. Mas fizemos o que estava ao nosso alcance.
Em todo o caso, o balanço afigura-se extremamente positivo em termos humanos (confraternização entre sócios) e no ponto de vista do carp fishing; há, pelo menos, a sensação de dever cumprido e até mais do que isso… O impacto não foi aquilo que esperávamos mas certamente houve algum impacto na zona – muita gente passou por ali -, o qual poderá ser aprofundado através da divulgação na revista e em outros canais. O estandarte lá esteve e várias pessoas passaram nos seus carros. Começamos a pouco e pouco a ser conhecidos na região.
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Não sendo fácil e exigindo muito empenho dos sócios, este é o caminho de divulgação no terreno que deve ser feito, por mais arriscado que possa parecer, considerando a presença dos matadores de carpas. Somos pioneiros neste modo de divulgação mais simples e acessível do carp fishing, como sabem.
Contudo, a nossa associação, infelizmente, não tem recursos humanos e disponibilidade para fazer workshops deste tipo todos os meses ou todas as semanas, o que seria óptimo se fosse possível. Vamos fazendo o que podemos. Além dos outros projectos mais estruturantes e prioritários, a APCF nunca deverá deixar de fazer, paralelamente, este trabalho de divulgação junto das comunidades locais, o qual só tem contribuído para a sua credibilização e até para fazer novos carpistas e eventuais novos sócios (só isto é muito importante). Quantos mais carpistas houver a pescar nas nossas águas (locais), melhor para a sobrevivência e conservação das nossas carpas.
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Preparação
Como sabem, procurámos organizar (com quem nos quisesse ajudar e dispensar algum engodo) algumas sessões de pré-engodagem para garantir capturas ao vivo no Workshop, o que seria um factor altamente motivante e pedagógico para a assistência. Está claro que era irrelevante o tamanho, o que nos interessava era levar uma ou mais carpas ao tapete, na presença da assistência.
A primeira sessão de pré-engodagem foi feita na manhã do sábado anterior e utilizámos boilies, pellets (embebidos em óleo de salmão e red venon), halibut pellets (dos maiores) e algumas sementes misturadas (poucas, sobretudo micro tigers, cânhamo, milho e milho doce). Devo dizer que não usámos grandes quantidades. Dois baldes dos pequenos, se tanto.
A segunda sessão de pré-engodagem que conseguimos fazer foi na véspera do Workshop. Recebemos a preciosa ajuda do Pedro Ramos que veio, nesse sábado, ter connosco.
Obviamente, tínhamos tido o cuidado de sondar o pesqueiro com uma cana de marcação. O nível de água tinha vindo a descer lentamente. As profundidades na baía (mesmo em frente ao café) eram boas para preparar pesqueiros confortáveis e espaçados, em zonas que certamente seriam frequentadas pelas carpas. Uma pesca relativamente fácil, o ideal para um workshop. Marcámos uma linha paralela sensivelmente a 20 metros da zona mais estreita da margem oposta, com 4,5 a 5 m de profundidade. O fundo é quase todo constituído por gravilha. Alguns de nós já conheciam o local com muito menos água.
Eis algumas imagens da praia fluvial de Guilhofrei obtidas, de um ângulo diferente, muito tempo antes, na preparação de uma pescaria que o Carlos Marinho jamais esquecerá:

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Em frente ao pesqueiro mais à esquerda (onde fiquei) há uma oportuna árvore semi-submersa (pode-se ver na imagem acima) que constitui uma marca preciosa para os lançamentos e engodagem. Nessa zona há algum lodo embora pouco profundo, numa espécie de plataforma em frente a uma barreira que é a base da estrada. E foi lá perto que o Carlos uma vez atolou o seu carro. Esperávamos também acertar no leito do regato que passa por ali.

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Reparem na pequena árvore à esquerda; uma excelente marca para o meu pesqueiro.

A estratégia passou por criar uma linha de engodagem ininterrupta paralela a todos os pesqueiros, usando a bóia de marcação (com a linha previamente clipada) para sinalizar.
Contámos com a ajuda providencial do baitboat do Ramos que nos permitiu fazer a engodagem de forma extremamente precisa e rápida, suscitando a curiosidade de alguns passeantes ocasionais. Alguns noddies observavam-nos ao longe, intrigados, sem perceberem bem o que fazíamos. Felizmente, a margem oposta era de momento inacessível devido às cheias. Neste momento já não deve ser assim… Só aqui no forum posso estar a falar livremente de engodagens porque não são permitidas no Ermal… Não sei como vou fazer o artigo para a revista.
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Não tinha a noção de que o bait boat consegue despejar quantidades apreciáveis de engodo. O mesmo trabalho com spod teria decerto demorado muito mais tempo. Assim, com lançamentos de cobra e com o auxílio deste brinquedo do Ramos, despachámos a engodagem rapidamente e seguimos para as nossas vidas.
O tempo tinha aquecido entretanto. Eu tinha confiança de que íamos obter capturas. Não só devido à altura do ano mas também por anteriormente ter feito muito frio. Talvez esta vaga de calor moderado pudesse desencadear a actividade dos peixes durante o dia com a ajuda da pré-engodagem. Talvez sim, talvez não…. A pesca não é matemática, mas estava com um bom pressentimento.

Início da actividade: convinha madrugar!
Combinámos encontrar-nos bem cedo, à porta da casa do Nigel, onde o Gary e o Ramos tinham pernoitado. Devo louvar, de forma especial, a dedicação do Carlos Marinho, o nosso fotógrafo de serviço. A despeito da carga de trabalho que tinha tido no sábado até bem tarde veio ter à porta de minha casa às 4h da manhã, uma vez que receava perder-se pelo caminho. Nem é preciso dizer que pouco ou nada dormimos nessa noite… Mas a motivação e as expectativas eram altas.
A nossa ideia era aproveitar aquela parte boa da manhã que, como sabemos, é talvez das melhores horas para fazer capturas e também para detectar as rotas das carpas.
Antes das 4h30m já lá estávamos, com imensa vontade de chegar à beira da água e começar a montar o estaminé. Queríamos aproveitar a alvorada e facturar um peixe ou dois que depois seria guardado nos sacos para ilustrar os cuidados com o peixe.
Mas, a arrumação do material e o tempo que levou tomar um café e fumar uns cigarros, além de deixar a casa minimamente arrumada, atrasou-nos um pouco, mais do que previsto. A Maria devia receber um prémio da APCF pela paciência que tem revelado em relação aos carpistas que frequentam a sua casa, cujas portas estão sempre abertas para os receber. Tem revelado uma paciência que poucas mulheres têm para chegadas atrasadas a refeições, refeições canceladas e outros contratempos do género, etc. E nós sabemos o estardalhaço, a desarrumação e o lixo que a nossa actividade pode trazer a qualquer casa…

Expectativa na chegada ao local
Um pouco mais tarde do que esperávamos e já com a luz do dia a iluminar-nos o caminho (os dias nascem sempre depressa para um carpista) estávamos enfim em frente à água. O termómetro do carro marcava 4,5 graus e havia geada em algumas zonas. Haverá sensação melhor para do que a chegada, de manhã cedo, a um pesqueiro engodado recentemente?
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Observámos imediatamente actividade à superfície da água nos pontos que tínhamos engodado e em outros pontos mais encostados à outra margem, bem como em praticamente todo o pesqueiro. Começámos a descarregar o material e montámos as canas de imediato. Tínhamos as montagens já preparadas de véspera de acordo com o programa previamente combinado para a demonstração.

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Team Azarix (antigo team fox in the night) prepara-se para entrar em acção!
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Team Super-Bock: sempre pronto a entrar em acção (de pesca claro)!

O sol já ia bem alto quando todas as linhas mergulharam na água quieta como um espelho, superfície que era uma espécie de folha de papel em que as carpas desenhavam os seus círculos promissores…
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Para não assustar os peixes presentes no pesqueiro e aparentemente activos, decidimos, para começar, usar apenas engodagem com sacos PVA. O Gary estava a pescar, como planeado, com o eterno method feeder. Este era o sistema ideal para proporcionar mais capturas durante um tempo de espera inferior.
Eu havia preparado de véspera um balde pequeno com uma mistura apetitosa composta de pellets de peixe de vários diâmetros e qualidades. Tinha adicionado ainda um cocktail de óleos (salmão, fígado de bacalhau, etc) e um pouco de red venon, bem como uma lata de sardinha picante e uma lata de atum, que desfiz e misturei devidamente, junto com os respectivos óleos. Quando cheguei ao pesqueiro adicionei à mistura algumas sementes já um pouco fermentadas (cânhamo, micro tigers, milho) que guardara num balde à parte, mergulhadas no respectivo líquido, que continha sal e adoçante. Quando se pretende preparar sticks de PVA é um bom truque deixar as pellets embebidas no óleo de véspera, de forma a estarem na consistência e grau de humidade desejáveis. E de facto quando preparei os sticks no dia do Workshop, o PVA não derretia, apesar de a mistura estar húmida e carpy. Au point!...
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Montagem e apresentação usada numa das minhas canas, a que me obteve a maior captura: leadcore Solar 35 libras; anzol Gamakatsu nº 4; Coretex 20 libras, milho artificial equilibrado juntamente com as tigers, chumbada Decathlon aerodinâmica.

Aguardávamos ainda a vinda do Tiago que só chegaria por volta das 9h com o Dimitri. Sem espanto, os bips começavam a surgir, até de forma insistente, não produzindo arranques (peixe miúdo?). Em todo o caso, achávamos que a qualquer momento aconteceria um arranque. A manhã avançava rapidamente, o calor e a luz intensificavam-se. Aproximava-se também a hora prevista para receber os visitantes e os curiosos acerca do carp fishing. Tínhamos, no entanto, mais esperança na parte da tarde.
Até que, num momento de distracção e conversa, um dos meus alarmes dá sinal e produz-se um arranque logo de seguida. Uma luta interessante e eis que a primeira carpa do Workshop repousa no tapete.
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Uma cor muito bonita!

Missão cumprida, pensávamos nós! Já tínhamos uma carpa para ilustrar o prazer da devolução e os cuidados no seu manuseamento. Colocámo-la de imediato no saco de retenção e toca a lançar de novo.

O method feeder, após vários sinais e arranques frustrados, não tardou em abrir a contagem para o Gary. Conseguiu levar duas ao tapete ainda antes de o Tiago chegar e começar a preparar o seu material. Com três carpas a repousar nos sacos de retenção durante a manhã, restava-nos esperar pelos espectadores do Workshop para tornar a nossa sessão um grande sucesso.
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Entretanto chegaram, para nos alegrar ainda mais o dia, outros companheiros da APCF (os três Ricardos, o João Sousa e os seus simpáticos pais).
Infelizmente, apenas alguns curiosos alheios ao mundo da pesca e um noddie rabugento da velha guarda, a reclamar por tudo e por nada e com um discurso contra a pesca de competição e contra as “toneladas de bicho” que se lançavam nos concursos, nos visitaram da parte da manhã… Ainda por cima achava que era “dono” daquilo e que conhecia melhor do que nós as melhores estratégias de pesca… Enfim, não pode tudo ser perfeito. E não têm culpa de ser assim.
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Team Super Bock em plena acção
Entretanto, o aumento de luz e calor, de ruídos e vibrações (sobretudo boas) no pesqueiro contribuíram para diminuir a actividade, como esperado. A altura do almoço aproximava-se. Depois de termos dado de comida às carpas, estava a chegar a nossa hora.
Antes de chegar ao “banquete”, devo salientar ainda um pormenor importante. Excepção feita ao Tiago que fez alguma engodagem com o spod quando chegou e obviamente o Gary, que estava constantemente a renovar a sua engodagem com o auxílio do method, nem eu nem o Ramos fizemos qualquer tipo de engodagem além dos sacos de PVA. No período morto do calor até decidimos usar o bait boat para deitar alguma da mistura que tínhamos preparado. No entanto, o bait boat, que tão eficaz tinha sido na véspera “decidiu” não trabalhar por uma razão técnica desconhecida, que em vão se tentou resolver, e acabámos por renunciar à engodagem. Está claro que se aparecessem assistentes ilustraríamos diversas técnicas de engodagem…

Seguem-se as imagens do banquete e do convívio.

Graças à pequena ajuda de todos, não houve falta de comida nem bebida; os sócios aproximaram-se rapidamente e não se fizeram rogados, como carpas abeirando-se de um pesqueiro engodado com nozes tigradas e pellets embebidos em óleo…
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Este espectáculo é inadmissível num workshop da APCF! Aproximava-se a hora da palestra e o sócio Pedro Ramos entregava-se a uma soneca (decerto reparadora) numa altura em que os convidados poderiam estar a chegar. Esta seria a primeira coisa em que reparariam, em plena bancada central. Tivemos de tomar providências drásticas para evitar uma medida disciplinar. Movemos o fio de uma das suas canas, a sua central soou e o preguiçoso acordou imediatamente (obviamente estremunhado e confuso) para regressar ao trabalho!!! Pensam que os worshops são uma brincadeira, ou quê????

Infelizmente, durante o início da tarde nem carpas, nem espectadores apareceram. Lamentámos muito mais, como é óbvio, a ausência dos segundos. Mas não desistimos de mudar algumas montagens e fazer novos lançamentos, no sentido de trabalhar para mais alguns peixes.
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De facto o local, pela sua acessibilidade é frequentado por muitas pessoas, incluindo casais, namorados, pescadores, famílias e outros passeantes e reunia condições óptimas para esta actividade. Mas não sei o que aconteceu aos carpistas da zona que estava previsto aparecerem. Cheguei a meter conversa com uma família que se pôs a observar, da esplanada, os movimentos do Gary em acção de pesca, mas não estavam ali pela demonstração… Nem a GNR que passou pela zona quis parar o jipe para vir conversar um pouco com a malta e talvez verificar as licenças… Mais legais não podíamos estar, até teríamos satisfação e orgulho em mostrar as nossas licenças que tanto trabalho tinham dado a obter.
A falta de assistência foi o único lado negativo desta actividade. De resto, tudo esteve perfeito, incluindo o tempo, e foi um dia excelente de pesca e de convívio.

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Discutindo estratégias para o futuro num cenário perfeito
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O Ricardo Pimenta (Ricardu) desde que o SLB venceu, merecidamente, o último campeonato, é uma homem diferente para melhor. A sua expressão irradia serenidade e felicidade.
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Isto é que é amor à camisola. É assim mesmo, João!

Este último aspecto, o bom relacionamento dos sócios e o convívio, devo escrever isso, leva-me a ser extraordinariamente optimista em relação ao futuro da APCF. Recordar esses momentos e muitos outros momentos felizes e solidários que ocorreram no passado só me leva a bendizer o dia em que conheci o Pedro Leitão, o Ricardo Pimenta, o Nigel, o Viktor, o Manuel José e muitos outros; então começámos todos juntos a conversar sobre o carp fishing (na net e pessoalmente), a pescar em conjunto e acabámos criando esta Associação – depois de passar pela APPC -. que tem feito um trabalho notável e agora reconhecido, apesar das dificuldades quase insuperáveis, em prol do carp fishing.
Este tipo de actividades abertas de divulgação é uma das coisas que se deve fazer mais e em todo o país, mesmo que seja por vezes frustrante e aparentemente inútil. Enquanto carpistas temos a obrigação de tentar modificar as mentalidades e partilhar a nossa postura com quem estiver receptivo a ouvir-nos. Sabemos que vai demorar uma ou duas gerações mas o nosso dever é fazer isto já para apressar o processo.
Infelizmente, o dia caminhava para o seu fim e tardavam os carpistas ou candidatos a isso. Lá para o fim da tarde os nossos amigos da APCF tiveram de seguir para as suas vidas mas muito agradecemos a sua presença e passámos momentos óptimos, como sempre. Acabámos por decidir retirar as carpas dos sacos e fotografá-las para depois as devolver sem esperar que alguém viesse. Estava muito calor e não valia a pena fazer os peixes sofrer muito mais. Podiam ainda vir mais…
Aqui estão as imagens das capturas matinais, feitas antes da devolução:
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O Tiago teve também de seguir para o trabalho e abandonar o seu pesqueiro. A sua profissão obriga-o a trabalhar em alturas em que geralmente podemos pescar todo o dia. Deu realmente uma prova muito grande de dedicação à APCF vir colaborar no Workshop num dia em que trabalhava a seguir!!
Previsivelmente, à medida que o dia caminhava para o seu término, a actividade das carpas mostrava-se cada vez com maior intensidade e frequência… Estávamos tristes com a falta de audiência mas, por instinto, não deixámos de pescar e renovar iscadas e montagens. Diversas vezes comentámos entre nós que, mais tarde ou mais cedo, regressariam os arranques e as carpas. Estava uma tarde óptima e convidativa. Não conseguíamos desmontar as canas. Como não tínhamos nada urgente marcado, nem (desta vez) esposas impacientes à espera em casa para o jantar, fomos ficando com o olhar atento nas canas.
Entretanto chegou o Noddy da manhã, mais calma, e não parou de falar em voz alta, com o Carlos Marinho, que teve a paciência de o aturar durante muito tempo.
O Ramos, porque mora longe, acabou por nos deixar também, numa altura em que as canas do Gary não paravam de dar sinal e arranques frustrados. A actividade no seu pesqueiro seria óbvia até para um leigo. No meu pesqueiro também acontecia o mesmo… Alguém me disse que um possível grande peixe tinha saltado na sua área, diversas vezes…
Até que chegaram finalmente dois espectadores genuínos para o Workshop (que sabiam que nós estávamos ali), embora a hora já fosse tardia, mas era a melhor possível para ver capturas ao vivo!!! Tratámo-los como se fossem deuses enviados do céu. E lá passámos a mensagem (incluindo a pesca sem morte) que todos temos que passar às pessoas, obtendo até alguma receptividade. Além disso, ilustrámos alguns pormenores técnicos. Eles elogiaram esta nossa iniciativa, sendo pescadores locais, e perguntaram porque não fazíamos mais vezes este tipo de iniciativas… As carpas também se mostravam repetidas vezes mas eles já conheciam bem esse fenómeno nesta baía. Disseram-nos que já tinham visto, no Ermal (que nós começamos a conhecer como a palma das mãos), carpas monstruosas e que “assustavam”, mas isso pode ser enganador porque os padrões não são subjectivamente os mesmos.
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Após relançar uma cana, subi para a esplanada e juntei-me ao Carlos na conversa com os dois curiosos. Levei algumas revistas em que apareciam reportagens feitas por sócios da APCF. Obviamente também levei revistas estrangeiras. O tamanho das capturas surpreende sempre quem não está familiarizado com esta pesca, como sucedeu também desta vez.
Levei também a minha central e coloquei-a, teatralmente, em cima de uma revista. Estava esperançado que um arranque interrompesse a nossa conversa... Estava na hora do lobo. E não é que esse arranque acontece mesmo, fazendo-me correr freneticamente em direcção a uma cana, a central caída pelo caminho…
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A partir daqui não preciso de revelar muitos mais pormenores, as fotos falarão por si. A tal captura ao vivo tão desejada afinal sucedeu; um dos espectadores fez fotos com o seu telemóvel e apreciou bastante o momento.
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A carpa não era grande, mas muito bonita pela sua cor invulgar. Entretanto chegou o cuidador do café que também observou, muito surpreendido (pela positiva), a devolução carinhosa da captura, afirmando que nunca tinha presenciado isso na sua vida (e já tem uma idade respeitável). Voltei a lançar a cana e ainda continuámos a conversar um pouco com os curiosos, até eles partirem. Uma das revelações interessantes que fizeram é que são muito poucos os pescadores locais que pescam no Ermal… A hora do jantar e da nossa partida também se aproximava.
Fomos ficando por ali, sabíamos que o method feeder do Gary não tardaria a trazer resultados, sobretudo nesta altura do dia. Todo o ambiente esplêndido do entardecer ameno cheirava a carpas e arranques, elas estavam lá… E de facto, após várias desferragens, o Gary estava de novo com a cana vergada a lutar com uma carpa que parecia maior do que todas as outras. Isto prova que o method feeder não é um sistema apenas vocacionado para peixes pequenos.
Depois de conduzida a carpa ao camaroeiro, ao tapete e ao saco de pesagem, estávamos totalmente convencidos de que o peixe maior da sessão tinha acabado de ser pescado. A balança marcava uns respeitáveis 6 kilos. Para um Workshop não estava mal… Um pescador que estava a fazer spinning ao achigã ali por perto também se abeirou, fascinado (comunicando pelo telemóvel que iria chegar atrasado porque estava a ver um peixe enorme acabado de pescar). Se calhar nunca tinha visto uma carpa tão grande ao vivo, muito menos todos estes procedimentos de pesar, fotografar, desinfectar e finalmente devolver.
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Até que começámos lentamente a arrumar o material, sem retirar as canas da água. Eu preparava-me para levar qualquer coisa para o carro quando a minha central regista um arranque na cana mais à direita, a mais próxima da margem, por sinal colocada ligeiramente fora da zona de engodagem.
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Tomo contacto com o peixe e após alguns momentos de combate, sentindo uma pressão constante e firme, penso que poderia ser um peixe bom. E de facto, à medida que a luta se prolongava e o peixe fazia soar a embraiagem mais vezes do que costume, as minhas pernas tremiam na mesma medida. Cheguei a gracejar em cada investida em que o peixe largava uma boa porção de fio e fazia “cantar” a embraiagem: “Será que temos siluros no Ermal e não sabíamos disso?! Parece-me que ferrei um siluro…”
É por momentos emocionantes e redentores como este que esperamos meses a fio, suportamos grade atrás de grade, o azar não pode durar sempre… Paciência de carpista. Toda a gente estava a torcer por mim e a acompanhar a luta de forma tão ou mais emocionada do que eu, dando os habituais conselhos de calma, solta fio, etc
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Nunca nos passou pela cabeça que pudesse surgir um peixe assim no Workshop, mas a verdade é que isto é carp fishing e não uma ciência exacta. É por isso que temos esta paixão toda. Há uma certa dose de imprevisto em cada sessão, mesmo num workshop é possível isto acontecer! Estando as linhas na água há sempre chances de nos bater à porta um exemplar bom. Quantas vezes não apostamos tudo (incluindo uma boa engodagem) e passamos noites e dias a fio num pesqueiro para não trazer nada de especial. E, por vezes, quando menos se espera… (já me tinha acontecido algo assim nas Andorinhas)
Mas eu só pensava que poderia ocorrer uma desferragem – como já me sucedeu no passado - ou qualquer imprevisto (como um nó descuidado) numa luta que se estava a prolongar demasiado, fazendo-me doer os pulsos e acelerar o coração.
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Entretanto, a carpa começou a guinar perigosamente para o lado esquerdo onde há obstáculos, como outras tinham feito; no entanto, lá a consegui puxar para perto – com a ajuda do Nigel e Gary que a enxotaram - e aí pude concluir a luta com calma, esperando, pacientemente, que o peixe se rendesse e fosse conduzido ao camaroeiro…

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Ao fim de várias tentativas – oras puxas tu ora puxo eu - o peixe repousava enfim no fundo da rede e todos celebrávamos aliviados, após momentos de grande tensão e expectativa. Parecia-nos andar à volta dos 9, 10kg, pelo menos. A balança registou 12 kilos. Uma carpa-torpedo em tudo semelhante ás carpas desse peso que têm sido pescadas aqui (interrogo-me se haverá carpas muito maiores no Ermal). Pelo aspecto e cor da pele parecia-nos um exemplar muito velho e apresentava uma funda cicatriz, que desinfectámos, provavelmente derivada da desova.
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Posso afirmar que esta foi uma das lutas mais intensas que já travei com uma carpa e teve um sabor muito, mas muito especial… O mais cómico é que pouco antes de chegarem os dois pescadores simpáticos o mesmo velho noddy da manhã tinha estado durante algum tempo a dar-nos uma “lição de pesca” e chegou mesmo a dizer que conhecia melhor o local porque era dali e que a zona não tinha profundidade suficiente, havendo um local melhor e mais profundo do que aquele, e outras coisas como métodos de pesca com lanterna à noite…
Mas o festival ainda não tinha acabado. Enquanto procedíamos à pesagem e fotos, a outra minha cana que ainda estava a pescar, esquecida, arrancou inesperadamente. O Gary chega a ferrar o peixe, a cana exibe uma boa curvatura, mas rapidamente perde o contacto com ele. Verificámos depois que o estralho de fluorcarbon (Berkley Vanish, 0,41) recentemente colocado tinha sido partido perto do anzol…
A actividade era frenética no pesqueiro e o Gary. Depois de relançar, ainda consegue capturar um exemplar pequeno numa das suas canas. Mas tinha chegado a hora de encerrar a sessão e rumar a casa. O dia seguinte era um dia de trabalho, infelizmente…
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Estamos certos que se tivéssemos continuado a pescar pela noite dentro teríamos capturado mais do que os sete exemplares (se não me falha a contagem) conseguidos. Mas a nossa missão estava mais que cumprida. E deixará em todos recordações muito vivas por muito, muito tempo.
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Ricardovfo
Mensagens: 34
Registado: segunda jul 27, 2009 11:42 am

Re: Próximo Workshop Ermal 16 Maio

Mensagem por Ricardovfo »

Excelente relato tanto escrito como fotográfico muitos parabéns!
E a captura é fantástica 12KG é impressionante....

Mais uma vez parabéns e continuem assim!

Ricardo Oliveira
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