Hoje é dia de comer peixe

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miguelb
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Registado: sexta mar 21, 2008 10:52 pm

Hoje é dia de comer peixe

Mensagem por miguelb »

Vi este artigo no Público de hoje e aproveito para fazer os seguintes comentários:
- o valor de consumo de peixe per capita em Portugal parece-me exagerado: 56 kg por ano significa cerca de 150 gramas/dia. Concerteza estão incluídos os milhões de turistas que nos visitam.
- comcordo que as acusações da Greenpeace são ridículas, não é o consumo de peixe dos portugueses que põe em causa a sustentabilidade das espécies nos oceanos.

Hoje é dia de peixe. Mas será "pecado"?
21.03.2008, Ana Fernandes
Comer peixe é um hábito dos portugueses que se estende a muitos outros dias e que está a ser visto como um "pecado" contra o planeta
O preço do peixe subiu 11 por cento entre 2002 e 2007. Gasta-se mais nos produtos do mar mas come-se mais carne.



Hoje é, em muitas casas, dia de ter peixe à mesa. Como o é em muitos outros dias. Por razões religiosas, gastronómicas, tradicionais ou outras, Portugal continua a ser o país europeu que mais adesão demonstra aos produtos do mar e o terceiro a nível mundial. A sua frota pesqueira é a quarta maior da União Europeia (UE). Mas é isto razão suficiente para considerar Portugal um predador dos oceanos? Há quem ache que sim, mas outros contrapõem com a ausência de modernização dos barcos nacionais, incapaz de causar a destruição que lhe imputam. Pelo menos, uma coisa pesa a seu favor: o que pesca é consumido por humanos, não por porcos ou aquecedores de casas.
Muitos dos bancos pesqueiros do planeta estão esgotados ou sobreexplorados. O alerta tem o aval de cientistas, Nações Unidas e ambientalistas, que prevêem que a situação tenha tudo para piorar devido às alterações climáticas e ao aumento do consumo mundial. Daí as atenções virarem-se para aqueles que devoram tudo o que o mar pode oferecer. Portugal ganha aqui uma posição de destaque, tanto como consumidor como pescador, como se viu em recentes declarações da Greenpeace (ver caixa).
Em que ficamos?
Sendo o peixe um alimento defendido por nutricionistas, o alerta causa espanto. Tirando algumas espécies contaminadas com metais pesados, como é o caso do peixe-de-espada-preto de algumas regiões dos oceanos que apresenta teores preocupantes de mercúrio, o peixe é visto como uma opção à carne muito mais saudável (ver texto nestas páginas).
Resta saber se este apetite pela carne dos oceanos pesa muito no declínio deste manancial. É um facto que, como grande consumidor de peixe per capita - os números variam entre os 50 e os 56 quilos por ano quando a média mundial não chega ao 20 quilos -, Portugal tem tudo para ser olhado com desconfiança. Mas ponham-se os números em perspectiva: são 10 milhões de consumidores num planeta com 6600 milhões. Ou seja, em cerca de 95 milhões de toneladas de peixe pescados em todo o mundo, os portugueses comem 500 mil toneladas, portanto, pouco mais de 0,5 por cento do total. E estes números não traduzem toda a realidade porque entre o que é consumido pelos lusitanos, parte vem de aquacultura.
Há ainda o esforço de pesca. Novamente os números: Portugal pescou, em 2007, nas suas águas, em Espanha e no Norte de África, 168 mil toneladas, o que não chega nem a 0,2 por cento do total que é retirado aos oceanos. O que faz com que a balança comercial da pesca no país seja muito negativa. E que indicia que a frota nacional não consegue apresentar grandes produtividades face à imensa Zona Económica Exclusiva em que actua.
Críticas criticadas
"Ridículas". É assim que reage Carlos Sousa Reis, biólogo da Faculdade de Ciências de Lisboa, às acusações da Greenpeace. "A larga maioria do que pescamos é para consumo humano, ao contrário do que se passa pelo mundo fora, em que uma larga percentagem vai para farinhas para porcos e perus ou serve para aquecer casas [através do óleo retirado de algumas espécies]", diz.
Para este especialista, o problema da frota nacional põe-se precisamente ao contrário do que se pensaria. "Por imposição europeia, já abatemos demasiados navios e assistimos a outros, como os espanhóis, a pescar nas nossas águas ou em águas comuns não cumprindo as mesmas regras a que os nossos pescadores são obrigados", diz.
O facto é que, segundo os últimos dados do Eurostat (o gabinete de estatística da UE), a frota portuguesa é a segunda mais envelhecida do espaço comunitário, com embarcações de 45,7 anos de idade média contra um padrão europeu de 23,9 anos. Além disso, 91 por cento dos barcos têm menos de 12 metros e 60 por cento menos de seis metros. É também das menos potentes e com menor capacidade da União - só em relação à tonelagem, a média nacional é cerca de um terço da espanhola.
Este cenário tem um custo: a produtividade das embarcações, o que noutra leitura pode ser visto como menos predadoras. Mas há ainda o arrastão, a arte de pesca considerada mais destrutiva. Do que foi pescado no continente em 2007, 11 por cento saiu do mar por esta via. Que tem de obedecer a regras mas que continua a ser vista como dramática em termos de recursos piscícolas.
O que se retém disto tudo é que a maioria do que Portugal consome vem de fora, congelado. Os preços do pescado têm aumentado - de 2002 a 2007 subiram 11 por cento -, o que faz com que, segundo um estudo recente, Portugal esteja a gastar mais com o peixe com a carne embora continue a consumir mais desta última: cerca de 100 quilos per capita por ano.
Mas apesar do aumento dos preços, os pescadores continuam descapitalizados porque a diferença do valor entre a primeira venda e o consumidor é abissal, ganhando os intermediários nesta cadeia. Um problema que continuará por resolver enquanto não houver uma profunda remodelação das lotas, diz Carlos Reis, que defende que se caminhe para uma venda livre.
Como consumidores, os portugueses estão assim cada vez mais dependentes da importação, que nem sempre garante uma produção sustentável. Resta a aquacultura, que também tem impactos ambientais, e que dificilmente irá satisfazer o paladar nacional, habituada à riqueza e variedade do que o mar providencia.
Perante estas incertezas, uma coisa parece certa: "Quem se aguentar na pesca, vai ganhar muito dinheiro dentro de algum tempo porque o que vier do mar - não de quintas de peixes - vai ser altamente valorizado", defende o biólogo.
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joaosousa
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Re: Hoje é dia de comer peixe

Mensagem por joaosousa »

não é o consumo de peixe dos portugueses que põe em causa a sustentabilidade das espécies nos oceanos.
o que põe em causa a sustentabilidade das espécies nos oceanos é, entre outras coisas, o que eu presenciei em Viana do Castelo...
colocar uma rede quase de um lado ao outro do rio e tudo o que vier à rede...morre! #-o

muita gente tem uma ideia errada desta história de comer peixe nestes dias "santos"...
nestes dias deve-se fazer sacrifícios, ou seja, abdicar de comer aquilo que se costuma comer normalmente...por exemplo para um vegetariano é dia de comer qualquer coisa que não vegetais!
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