Prof. Henrique Queiroga, Dept. Biologia, Univ. de Aveiro.
09/05/2006 (Terça-feira) - Auditório do Centro Cultural e de Congressos da Câmara Municipal de Aveiro
A maior parte dos invertebrados bentónicos apresenta uma fase larvar no seu ciclo de vida que se desenvolve no plâncton durante várias semanas ou meses. A existência de uma larva planctónica tem vantagens e desvantagens. As vantagens incluem uma maior capacidade de dispersão, a qual reduz a competição intraespecífica e aumenta a probabilidade de recolonização após eventos de extinção local. As desvantagens são uma maior vulnerabilidade à predação e a falha em encontrar um habitat apropriado para o assentamento e a metamorfose.
Os ciclos astronómicos – responsáveis pelas marés, pela alternância do dia e da noite e pelo ciclo das estações – e as características particulares das linhas de costa – orientação em relação à circulação atmosférica, presença de cabos, ilhas ou baías – interagem de formas múltiplas e complexas. Em alguns casos estas interacções resultam em processos e estruturas oceanográficas recorrentes susceptíveis de concentrar e transportar, de uma forma previsível, larvas planctónicas. Este transporte depende também dos traços comportamentais das larvas.A interacção entre as correntes marinhas e o comportamento das larvas é especialmente evidente nas larvas de caranguejo e de outros crustáceos decápodes, pois estes organismos são nadadores relativamente poderosos capazes de migrações verticais ao longo da coluna de água da ordem de dezenas de metros, em sincronia com os ciclos da maré e do dia.
A presente conferência ocupa-se dos processos que controlam a dispersão e o recrutamento do caranguejo verde, Carcinus maenas. Este caranguejo é o mais comum das praias rochosas e estuários europeus, tendo no último século invadido as zonas costeiras de outros continentes. É também uma das espécies de invertebrados cuja biologia é melhor conhecida, sendo um excelente modelo biológico para estudar os processos gerais que controlam o recrutamento e a dinâmica das populações marinhas.
Biologia na Noite - Ciclo de Conferências Abertas (http://www.bio.ua.pt/Bionoite2006/)
