estas Douradas e as do Paulo foram capturadas com muita concentração e jeitinho (dia 26 para 27 de Maio de 2005).
O pesqueiro apresentava condições que à 1ª vista poderiam não ser as melhores mas, uma melhor observação do mesmo e alguma paciência acabou por recompensar. Vou fazer o relato:
Chegados ao local, que comecei a chamar de Pingo Doce (o sítio do costume
), constatámos o fundão existente a 30/40 mts até 80/90 mts... apesar de não ser muito fundo e a maré ainda vazar (chegámos ao pesqueiro pelas 9.45h). Conseguimos identificar as entradas/saídas do fundão e entre elas um croeiro de dimensões consideráveis. O Paulo colocou-se numa das entradas/saídas (a de Sul) e eu numa zona intermédia, na "mama" de alguns que ficassem no fundão. Durante cerca de 90 minutos, peixe nada e com a descida da maré o mar começou a correr um pouco e a enrolar os estralhos. Bem, desloquei uma cana mais a Norte, troquei os dois estralhos só por um com aprox. 1,50mts e abrindo bem as aduelas disparei lá para os Açores. A outra cana deixei-a no mesmo sítio mas também só coloquei um anzol, voltei a pedir o favor às costas e galguei-a p'ra lá do croeiro. Passado um pouco, já pelo repontar da maré recuperei a de Sul e trouxe uma ventoinha (Faneca). Isquei e RUMBA!!!... lá p'ra dentro. A de Norte, fui buscá-la p'ra verificar o isco e trazia peso. "Outra ventoinha" pensei. De vez em quando emperrava e comecei a pensar "Linguado!!"... p'raí a 30/35mts e pouca água, senti um deslize esquerda/direita, aumento de resistência e assaltou-me também a ideia "Raia"... o que me fez acelerar um pouco o ritmo de recuperação, não fosse ela assapar e adeus vindima. Quando pude ver o peixe, surpresa!!!!... uma Dourada. Chamei o Paulo e desatei em alhadas e bugalhadas de tal forma que o Paulo até disse "porra, ainda por cima parece que estás chateado por apanhar uma Dourada!!" ao que respondi "... nunca vi uma Dourada fazer um trabalho destes... a descansar com o anzol na barriga (embuchou), a cana nunca bateu, não deu luta pelo caminho, vão p'ró...alho e p'ró bugalho, zoinga, boinga, toinga". Bem, aliviado o vapor e recomposto o sangue frio pensei "querem música, estão na mama, eu até não assobio mal e tenho biberão para vocês mamarem". O Paulo decidiu ir mais para Norte, já para lá desta àrea (o que se veio a comprovar num erro que mais tarde corrigiu, mas acontece a qualquer um... há que tentar e procurar) eu trouxe a cana de Sul (S) para mais perto... mais para Norte (N). Até aqui, a conclusão que tiro é que a entrada/saída onde eu estava, era a saída do fundão e o peixe comia contra a corrente. Bem, iscada um pouco mais pequena e... RUMBA!!! lá p'ra dentro, cana na mão e olhinhos bem abertos na outra. Estando eu na cana S vi um ligeiro toque na cana N... acorri e nada... "isto hoje vai dar trabalho" pensei. Olhei e vi um imperceptível toque na cana S e lá fui. Em bicos de pés ( ), segurei-a, enrolei linha e baixei a ponteira (sem puxar a pesca portanto) esperei pensando "vai lá, anda... que eu já te afinfo uma cacetada" senti uma festinha, duas e... cá vai alho!!... se ela usasse dentadura ficava sem ela. Ferrei a segunda (a maior) mas... o comportamento do bicho até cá fora mais uma vez foi estranho... parecia um robalo (tive dúvidas até ver o peixe). Umas turrazitas pela viagem e foi só. Bem, após a descarga de mais uma palette de impropérios voltei a iscar/lançar. Atalhando a história e após algumas iscadas roubadas, sem se dar por isso, só a última Dourada é que fez justiça ao temperamento combativo da espécie, o que me deixou satisfeito. O Paulo que regressou ao local inicial na minha 3ª dourada, ainda foi a tempo de sacar 2. Pelo meio disto ainda tirei e devolvi um robalote com 30 cm. Entretanto a maré foi enchendo, o mar ganhou alguma força, começou a remexer areia e talvez também por já não chegarmos à distância necessária, o peixe deixou de nos visitar.Conclusão:
-Boa pescaria por leitura apropriada do pesqueiro (quando digo boa leitura falo em probabilidades e não em certezas).
-Procura sistemática do melhor local dentro do pesqueiro (para cá do croeiro, p'ra lá do croeiro, na aba, no meio, etc).
-Análise correcta do comportamento do peixe, condicionando a quantidade de isco e sua apresentação.
-Estado do mar e sua acção nos estralhos (neste caso decidi utilizar só um anzol e arriscar um estralho mais longo).
-Por fim, ter a certeza de não ter certeza nenhuma e agradecer ao Criador a gentileza de permitir as capturas
Um abraço,
